jubiana
ela deu um miado de satisfação quando ele a afagou. Mal sabia ele o que ela estava planejando, com aquele ronronar suspeito.
portas que se abrem no escuro, silenciosamente, deixando escapar medos perigosos, assombros magníficos.
tinha um olhar que era pura discrição. tamanho sigilo que eu jamais pude saber qual o verdadeiro tamanho do abismo que guardava.
A dor derivada do seu sorriso.
envolta em mistérios, desceu a rua até a esquina com a avenida principal. tomou o ônibus, sabendo que seria procurada. riu por dentro.
me delicio com o sorriso oculto nas suas palavras, o riso tilintante que se adivinha atrás de cada passo, cada gesto deixado a meio caminho, sem pressa nem destino certo.
tenho uma coleção de palavras que jamais poderão ser ditas. palavras sem destinatários. palavras mortas antes mesmo de nascerem. palavras que agigantam o abismo.
Ouvindo o teu coração de batida indiferente e distante. Ouvindo todas as palavras que não disse e que me ferem os tímpanos. Ouvindo o silêncio que me devora.
um barril de pólvora no lugar do coração, e uma ideia prestes a explodir.
tristeza de não ter descido do trem na estação certa, de ter prosseguido viagem quando deveria ter ficado, de mudar por covardia.
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